Existem duas etapas bem distintas na vida de uma mulher: antes de ser mãe e após ser mãe.
Numa visão sistêmica, podemos perceber a vida se desenvolvendo dentro de nós, nosso corpo mudando, transformando nossa mente, sensações, desejos…
Sentimos muitas vezes, de início, como se tivéssemos comido algo estragado; só que não passa, mesmo não comendo nada. Enjoo, azia; às vezes, queimação parece até que vamos soltar fogo, que nem dragão! Dieta é vital e água, água…
Um estado fisiológico, como se fosse patológico.
E a libido, os desejos, esses podem aflorar muitas vezes estranhos, como vontade de comer temperos exóticos, tijolo ou de comer carne quase crua, sangrenta… Cruzes…
Tudo muito louco, um barato, uma curtição, sem necessidade de droga alguma. Apenas o resultado de processos físico-químicos naturais da formação da Vida, do embrião e feto.
Aí, vem o primeiro ultrassom, que emoção! Ouvir o coração do feto de 10 cm, igual a uma “locomotiva” acelerada, e ver se mexendo os dedinhos das mãos, pezinhos formadinhos. Sentimo-nos mãe e digo, com certeza, que é a maior emoção em nossas vidas, até aquele momento. E vem mais emoção…
No segundo ultrassom, dá para ver o sexo do bebê. Nós descobrimos, nesse momento, de ter certeza do sexo do bebê, que para as Mães, filhos não têm sexo. Amamos igual, não faz diferença alguma para nós, se for menino ou menina.
Quando entramos lá pelos 7 a 8 meses da virada, onde o bebê deixa a posição de sentado e vira de cabeça para baixo no útero, para se encaixar, é demais a virada e tudo, em geral, acontece à noite. Literalmente, não dormimos, que loucura! E haja calor, aff…
Dor nas costas, nosso centro de gravidade mudou, para o equilíbrio. Pés inchados; não têm mais tornozelos, quase. A nossa respiração fica mais curta, devido à compressão do diafragma, para tudo se encaixar, normal.
A barriga, algumas vezes, parece um balão, que pode estourar, e o medo vem de não dar conta do parto e do depois do parto, nó!…
Mesmo passando por tudo isso, nos sentimos heroínas, vencedoras, geradoras e criadoras de vida, que poder… Poderosas! E somos, mesmo…
Por isso, como se esquecêssemos das dores e desconfortos da gravidez e dos meses e anos difíceis, queremos muitas vezes mais filhos, dar irmãos, fazer família. Muito bom essa diversidade de seres humanos, aprendemos mais e mais…
O tal “Amor Incondicional”, que nós não sabíamos o que era, direito, ficamos sabendo na hora que todo esse fenômeno acontece. E em uma frase curta, o definimos.
Sair de Si, do seu Ego e se transportar ao outro. Passamos, até insanamente, a nos preocuparmos com alguém, mais do que conosco mesmas. Ninguém nasce mãe, vamo-nos tornando, aprendendo, desenvolvendo talentos, a partir de nossas escolhas e determinação, como qualquer outra escolha de grande responsabilidade.
Tudo que passamos, todo sacrifício, penúria, os desafios vividos são grandes oportunidades de aprendizado, para nos conhecermos melhor. O que seria da evolução humana se não fossem os desafios; zona de conforto não faz ninguém crescer.
Sair de si é o Amor Incondicional de mãe! Uma nova mulher nasce junto à concepção, a Mulher após o Desafio de Ser Mãe…
*Crônica premiada em 1º Lugar em concurso de Contos e Crônicas pela Poemas a Flor da Pele, 2018, RS.